A qualquer momento do dia, com sua botina preta, boné rosa e um sorriso contagiante, Kelly Cristina Martins, 41 anos, sobe na boleia do caminhão para embarcar em suas viagens sempre que a Transpanorama, a empresa para a qual trabalha, a convoca.
A felicidade que ela irradia tem um motivo claro. Essa mulher de estatura pequena, criada em uma fazenda em Minas Gerais, realizou o sonho de infância: tornar-se caminhoneira. O curioso é que Kelly não sabe explicar a origem desse sonho. Ainda criança, soube que dois de seus tios trabalhavam como motoristas, mas nunca teve muito contato com eles. Para ela, a paixão pela estrada e pela direção é quase inexplicável. E virou realidade aos poucos.
Após trabalhar como atendente e caixa de uma panificadora e como motorista de propaganda volante, Kelly adquiriu experiência com transporte de água. Ela dirigiu caminhão-pipa por cerca de um ano e logo após deu um novo passo em sua carreira ao virar motorista de ônibus. A partir daí a sua trajetória profissional começou a se transformar. Nos quatro anos trabalhando com transporte de passageiros, Kelly aproveitou para realizar diversos cursos, um deles de cargas perigosas e outro de cargas indivisíveis, o que contribuiu para ela chegar ao patamar de hoje.
Superando dificuldades e obstáculos, Kelly reduziu custos para conseguir parcelar a autoescola e adquirir a categoria E em sua carteira de motorista. Atualmente, ela colhe os frutos desse esforço ao transportar combustíveis em um caminhão-tanque. E não pretende parar.
Quando questionada sobre o conselho que daria a caminhoneiras iniciantes, Kelly responde prontamente: “Quando conseguimos a habilitação para exercer a profissão, batemos em várias portas e muitas delas se fecham, mas não podemos desistir desse sonho. A primeira dificuldade é sempre o medo. O medo de não conseguir. O medo de não dar conta. Mas, no final, dá tudo certo’”.
Durante toda essa trajetória incrível, Kelly conciliou a paixão por dirigir caminhão com a maternidade, o amor pela família e pelo seu marido, Celso Alves Santos, 48 anos, que conheceu na Transpanorama. Kelly é mãe de Pedro Oscar, 18 anos, e de duas meninas, Hemilly, 14 anos, e da caçula Larissa, de 9 anos.
Embora nem tudo tenha sido uma jornada tranquila, os desafios que ela enfrentou - e ainda enfrenta - como mulher são fonte de orgulho em sua trajetória na estrada. Hoje, a Kelly é muito mais confiante, tranquila e segura de si do que na juventude. Determinada e forte, ela sabe que, embora esta seja uma profissão que exige 100% dos homens e das mulheres muito mais, fazendo com que elas precisem dar 110% de si, toda dificuldade serve para ela se fortalecer para o futuro. É com esse pensamento que ela atravessa o país de norte a sul e, ao retornar para casa, sente a certeza de estar seguindo o caminho certo, aquele que reflete sua paixão pelo que faz.
Este conteúdo faz parte da série “Mulheres na Estrada”, que tem como objetivo valorizar as profissionais motoristas da estrada, por meio do compartilhamento de suas histórias inspiradoras e de sucesso.
Acompanhe os próximos episódios e, se você for uma mulher caminhoneira e quiser compartilhar sua história, entre em contato conosco pelo e-mail marketing@librelato.com.br
Confira abaixo outros episódios da série.
Série "Mulheres na Estrada" Librelato com Sheila Cristina Pedraça
Série Mulheres na Estrada” Librelato: Andreia Santos de Paula, a carreteira bombom